TABUADA "UM JEITO DIFERENTE DE APRENDER."


Artigo do professor Luiz Barco, em que mostra outra maneira de aprender a tabuada.
Por Luiz Barco,Tabuada sempre foi um pesadelo tanto para as crianças como para seus pais. Outro dia, recebi uma carta de uma mãe, preocupadíssima porque seu filho não conseguia decorar a tabuada. Enquanto lia as aflições dessa senhora,
lembrei-me de um novo amigo, doutor Rubens, médico ortopedista, que nas poucas horas
vagas de que dispõe ajuda sobrinhos e filhos a resolver as questões da Aritmética.
Foi ele quem me contou que numa dessas sessões de auxílio matemático conseguiu demonstrar ao filho que quem conhece as tabuadas do 2 e do 3 ,já sabe um bom pedaço de todas as outras.
Basta aplicar o fato, curioso para as crianças, de que as multiplicações 2 x 9 e 3 x 9. 2x8e3x8, 2x7. 3x7 etc.
Dão os mesmos resultados das multiplicações 9 x 2 e 9 x 3. 8 x 2 e 8x3, 7 x 2 e 7 x 3.
Essa propriedade de poder "comutar" a ordem dos fatores sem que. com isso, se modifique o resultado de uma multiplicação, embora simples ou, talvez, exatamente por isso, acaba se tornando um poderoso auxiliar no agradável jogo de brincar com os números.
Fiquei duplamente contente.
Primeiro porque o Rubens deu um jeito na minha coluna vertebral e segundo porque, mesmo sem saber, acabou ajudando esta coluna,
o "Dois mais Dois", ao revelar a este velho
professor que ainda existem pais e tios preocupados com o
lúdico da Aritmética no contato com filhos e sobrinhos.
Quanto à mãe aflita com a tabuada do filho, o caso me pareceu mais sério,
pois o menino ia bem até a tabuada do 5, mas do 6 ao 9 era um terror.
Tranqüilizei-a e sugeri que ela brincasse com o menino usando
um processo do qual ainda se encontram vestígios na índia, no Iraque,
no centro da França, norte da África, etc. Então, vamos lá e mãos ao alto.
Não se assuste, não é um assalto, apenas um jeito novo e diferente de aprender as tabuadas do 6 ao 9.
Exemplo: 7x9.
Levante as mãos.
Depois, escolha uma delas, dobre os dedos correspondentes à
quantidade em que o 7 excede o 5, isto é, 2.
Faça o mesmo com a outra mão para 9, isto é, dobre os dedos
correspondentes à quantidade que o 9 excede o 5.
Ou seja. 4.
Observe agora as duas mãos:
Responda quantos dedos estão dobrados. Seis, ok? Dois em uma (7 - 5) e quatro na outra (9-5).
Pois bem, a soma dos dedos dobrados (6) responde à dezena (60) do resultado.
Assim (2 + 4) x 10 = 60. Logo, descobrimos a dezena da
multiplicação de 7 por 9.7 x 9 = sessenta e ???
Para descobrirmos as unidades, basta contarmos os dedos levantados nas duas mãos (3 numa e 1 na outra) e multiplicarmos esses números: 3x1=3 (2+4) dedos dobrados = 60 Logo,
7 x 9 = 63 (3x1) dedos levantados = 3 Agora, tente você.
Faça 8 x 6 e vamos conferir:
8 x 6 = 48 Dobrados:
8 - 5 = 3;
6 - 5 = 1,
(3+1) x 10 = 40 Levantados: 2 4,
2x4=8 Resultado: = 48
Daqui para a frente é com você, tente outros e veja que a técnica não é complicada. Aliás, vários livros contam a história dessa interessante maneira de multiplicar.
Um deles, recentemente traduzido para o português, é Os números, de Georges Ifrah.
Se você brincar bastante, vai ter uma surpresa ao fazer 6 x 7.
Verá somente 3 dedos dobrados.
Não se preocupe, não está errado, pois terá levantado 4 dedos numa das mãos e 3 na outra, logo 6 x 7 resulta 30 e 12 (3 x 4), ou seja, 42.
Observe, por exemplo, como os franceses dizem 80;
é quatre vingt, ou quatro vintes, que significa 4 vezes 20 ou o nosso 80.
Isso pode ter tido origem no calculista da aldeia dos irresistíveis gauleses
Asterix, Obelix e companhia.
Ele talvez usasse os dedos das mãos e os dos pés para contar,
construindo assim um sistema de numeração de base 20.
Os vestígios teriam sobrevivido no modo como os franceses dizem 80.
Mas isso é outra história.
Mãos ao alto e vamos treinar a tabuada.